quarta-feira, 10 de dezembro de 2014


Um dia mudo, a preto e branco, corre pelas árvores como fita antiga. Falta só o piano (que as legendas são dispensáveis, de tão óbvio o desconcerto de quem olha).


E porém, do outro lado do morro, de onde olho admirado, o dia chama calmo, pleno de cor, brilhante no reflexo do orvalho que tudo cobre.


É este o segredo que os dias, os meus dias, me contam: basta olhar para ver, basta ir, basta procurar. Se o fizer, tudo se reinventa, porque o tempo tudo habita e a nós, que também por ele somos habitados, que também mudamos (… com o tempo), apenas nos é pedido que nos deixemos surpreender… como se não o soubéssemos já… como nos filmes, antigos, mudos, a preto e branco.



A silent day, in black and white, flows through the trees as if an old movie. Only the piano is missing (captions being dispensable, such is the bewilderment of the onlooker ).

And yet, on the other side of the hill, from where I stare in awe, the day calls quiet, full of colour, shinning in the reflections of the ubiquitous dew.

This is the secret that days, my days, tell me: it only takes some looking, some going, some searching. If I do it, all will be reinvented, for time inhabits everything and we, who are also inhabited by time, who also change (...in time), only have to let ourselves be surprised... as if we didn't already know it... as in old, silent, black and white movies.



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