Até que cheguemos ao sentido da escrita; à medula da palavra. E é isso que importa quando leio, quando escrevo.
A escrita é universo de signos e de significados mas, na verdade, para a fruição, para o gozo, só o texto importa por dar corpo à ideia, ao reflexo da invenção ou da reflexão (como é, nestas linhas o caso).
O mesmo acontece hoje com a fotografia.
Longe do filme e do papel baritado, vivemos aqui também a facilidade do imaterial, do fátuo. Quase todos temos acesso a máquinas que resolvem os mais intrincados problemas de análise de luz e cor e produzem resultados que são legíveis por todos. Todos somos arautos informados e informantes em JPEG.
Até que olhemos a imagem com os olhos que leem o texto que ela, à sua maneira, ilustra.
De alguma forma, num – o texto – como noutra – a fotografia – é preciso olhar para a camada interior. É lá que vivem os sentidos e não no código e nos suportes que os constroem.
Longe do lápis e do filme, dependemos do nada e somos tudo. A facilidade tecnológica potencia o logro. Todos escrevemos, todos fotografamos. Todos tratamos o belo por tu (acho até que alguns, levados pela narcose incontinente da ilusão, gostariam mesmo de tratá-lo por você, forma que parecendo paritária, ostenta vaidade, declara sobranceria).
Talvez por isso, o meu computador tenha avariado ontem.
O texto que pretendia escrever ficou no ar, e é agora este. Por certo, totalmente diferente do original que era para ser.
A escrita é universo de signos e de significados mas, na verdade, para a fruição, para o gozo, só o texto importa por dar corpo à ideia, ao reflexo da invenção ou da reflexão (como é, nestas linhas o caso).
O mesmo acontece hoje com a fotografia.
Longe do filme e do papel baritado, vivemos aqui também a facilidade do imaterial, do fátuo. Quase todos temos acesso a máquinas que resolvem os mais intrincados problemas de análise de luz e cor e produzem resultados que são legíveis por todos. Todos somos arautos informados e informantes em JPEG.
Até que olhemos a imagem com os olhos que leem o texto que ela, à sua maneira, ilustra.
De alguma forma, num – o texto – como noutra – a fotografia – é preciso olhar para a camada interior. É lá que vivem os sentidos e não no código e nos suportes que os constroem.
Longe do lápis e do filme, dependemos do nada e somos tudo. A facilidade tecnológica potencia o logro. Todos escrevemos, todos fotografamos. Todos tratamos o belo por tu (acho até que alguns, levados pela narcose incontinente da ilusão, gostariam mesmo de tratá-lo por você, forma que parecendo paritária, ostenta vaidade, declara sobranceria).
Talvez por isso, o meu computador tenha avariado ontem.
O texto que pretendia escrever ficou no ar, e é agora este. Por certo, totalmente diferente do original que era para ser.
As fotografias com que o iria ilustrar dormem, por enquanto inexistentes, em entranhas compact flash.
Absent from
pencil and notebook, we experience the ease of the immaterial and fatuous. We force
characters together, always impeccably calligraphic, in whatever size and
font we choose. And yet, once again, we are all the same. No graphology test will
ever identify the distinct traits, the interplay of the senses, the most intimate personality
deviations. Nothing! In Times New Roman 12 we are all the best of people …
black on white, photon on photon… basically naught!
Until we get
to the core of writing ; to the marrow
of the words. That’s what matters to me when I read, or write.
Writing is a
universe of signs and words but, in truth, for fruition and pleasure, only
the meaning matters, for it imparts a body to the idea, to the reflections of the
invention, or to the reflection itself (the case with these lines).
The same
happens nowadays with photography.Away from film and developer paper we experience again the immaterial and fatuous. Almost all of us have access to cameras that will solve the most intricate light and colour evaluation problems and return results that are readable by anyone.
We are all informed and informing harbingers of JPEG format.
But we must
look at the image with those same eyes that read the text that it illustrates.
In some way,
for one – the text – and the other – the photo –
one has to probe and look down deep into the inner layer. It is there that the
senses live, not in the code or in the
supports they are built upon.
Away from
pencil or film we depend on nothing and we are anything.
Technology facilitates the deception: we all are writers. We all are photographers. We all are portrayers of beauty (and some, intoxicated by the incontinent necrosis of illusion even think their portrayal is exclusive).
Technology facilitates the deception: we all are writers. We all are photographers. We all are portrayers of beauty (and some, intoxicated by the incontinent necrosis of illusion even think their portrayal is exclusive).
That was probably
why my computer broke down yesterday.
The text I
was planning to write vanished into thin air and is now this one. Totally
different, I’m sure, from what it was meant to be.
The photos
that were meant to illustrate it lay dormant, for now, non- existent, in compact
flash entrails.
We can
persist, persevere, put one foot inside the periphery of the crown that contains its essence, but art, as every surviving thing, has self-defence mechanisms!
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