Notas de viagem roubadas a um diário que não escrevi,
em partes, tantas quantas me promete a memória...
29 de Julho de 2025 - Letónia - Parte II
Turaida - Sigulda - Parque Gauja (Rocha Zvārte)
Saídos de Riga, fletimos para o interior, abandonando temporariamente a costa, a que tencionávamos voltar em dois dias.
Espera-nos pelo caminho uma Letónia em grande medida agrícola e silvícola, que atravessamos sem qualquer complicação de trânsito.
Aqui e ali tratores lavram os campos em preparação para nova época, agora que as colheitas de cereais parecem estar feitas, embora também nos tenhamos cruzado com grandes ceifeiras debulhadoras e, ocasionalmente, o cheiro de palha acabada de cortar nos traga notas de um verão que é substancialmente diferente do outro, que ainda há pouco deixámos, que cheira a iodo, e traz o sal agarrado à pele.
Turaida. O castelo. de construção medieval, sec. XIII, tem, no entanto, nas torres e paredes que hoje se erguem ao lado de algumas ruínas das estruturas originais, um ar de novinho em folha, ou melhor, novinho em tijolo, já que a reconstrução data do final do sec. XX.
O castelo, que parece ser uma atração bastante popular dado o número de visitantes (uma vez mais nada de extraordinário, mas ainda assim, mais concorrido que outros monumentos que visitámos), não está sozinho no grande parque florestal em que está implantado, já que outras construções são passiveis de visita, naquilo que se designa por Reserva Museológica de Turaida.
Uma pequena igreja que , no interior, propõe uma exposição sobre a resistência da comunidade Luterana em Turaida, durante a ocupação soviética, bem como um pequeno centro interpretativo da região partilham o espaço da reserva com uma ou duas lojas de artesanato e algumas esculturas implantadas no grande parque.
A redonda torre de menagem oferece ao visitante, que não se importe de subir os muitos degraus que conduzem ao seu cimo, um horizonte de 360 graus, apenas entrecortado pela necessidade de o observar através das largas janelas, rasgadas na parede. Em todas as direções para que dirijo o olhar, no entanto, apenas verde e mais verde, rasgado a sudeste pelo rio Gauja, que ali passa perto.
Voltamos calmamente para o carro e seguimos por entre o verde, que há pouco contemplava da torre, por uma estrada que, à chegada a Sigulda, está em obras.
Por momentos, perco o caminho e ando para trás e para a frente no mesmo lugar, a convite do google maps que, tal como eu, se sentiu confuso...
Depois, confiando no instinto e no sentido da descoberta, lá acabamos por vir dar de novo ao cruzamento principal da secção de estrada em obras, onde podemos apanhar o desvio que nos leva aos castelos de Sigulda, nossa próxima paragem programada.
Devem ser umas seis da tarde. O dia, que começou azul, ameaça agora chuva no cinzento que pinta o horizonte.
Damos uma volta rápida por fora de ambos os castelos, o novo e o velho, de Sigulda, já que ainda queremos ir ao Parque Nacional Gauja para ver a Rocha Zvartes, uma rocha de arenito que se eleva na margem do rio Amata e que constitui, pelo que lemos, uma das principais atrações deste Parque.
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Uma vez mais, cruzo-me com indicações para o Caminho de Santiago, que algures ligará com a Lituânia |
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O castelo velho de Sigulda |
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O castelo novo de Sigulda |
O coração do Parque Gauja, onde nos encontramos agora, recebe-nos à hora dos mosquitos.... damos por isso mal abrimos as portas do carro ao pé do pequena receção, já fechada, que se ergue ao lado do parque de estacionamento, deserto.
Um trilho curto e agradável (se descontarmos os mosquitos e moscardos que têm pelas minhas pernas uma atração inexplicável), ladeado aqui e ali por bonitas flores silvestres, irrompendo por entre a fresca erva verde que cobre todo o chão, leva-nos a uma ponte suspensa sobre o rio Amata, que atravessamos. Deste lado do rio corre um outro trilho que parece conduzir ao topo da rocha. Sigo-o por momentos, mas abandono-o porque não creio que seja a melhor forma de ver o tão famoso bloco de arenito.
Na verdade a melhor vista para o dito obtém-se da outra margem, uns cem ou duzentos metros à frente da ponte. Aqui estamos mesmo em frente da curva do rio onde a pedra se ergue.
O sol está bastante baixo quando voltamos para o carro e para a estrada de terra batida que nos há de levar até perto de Cesis, onde de novo apanhamos uma via principal.
Lá chegados, instalamo-nos e procuramos sítio para jantar. Fazêmo-lo numa esplanada de um pequeno restaurante, abrigados da chuva que desata a cair.... são quase 9 horas, ainda há sol para uma pequena volta pelo centro que, no entanto, interrompemos com a chegada de uma chuvada mais forte... fica para amanhã....
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