Amsterdão 21-24 novembro - II
Amsterdão sabe a água. Nunca se está muito longe dela, tantos os canais que a atravessam. Porém, ao invés de Veneza, esse quintessencial termo de comparação para todas as atlântidas emersas, a cidade coabita na ordem geométrica de canais que se entendem entre si, em perfeito e concêntrico paralelismo.
Percorremos ruas calmas, (na verdade andamos sobre a água, porque a maior parte das vezes, as ruas delimitam canais, não raro de ambos os lados), por agora quase desertas, pelo frio, pelo inverno que ainda não é, mas quase parece.
Nas características fachadas dos também inconfundíveis prédios, onde por vezes se exibem datas de edificação que nos conduzem ao sec. XVII (e, provavelmente, anteriores ainda… ) , reflete-se o cuidado com a ordenação que se espelha nos canais. De facto, todos os prédios parecem guindar-se por uma mesma bitola em altura, num alinhamento amiúde perfeito de cornijas, encimado pelos suaves recortes dos sótãos.
Mas se a altura é a mesma, a largura é multíplice, parecendo até que, por vezes, a arquitetura se faz de preenchimento e não de enchimento do espaço, ou não se vissem por vezes prédios elegantemente estreitos, a ampararem a vizinhança de edifícios que os triplicam em frente.
E amparar é, em muitos casos, uma questão verdadeiramente literal. Velhos os prédios e as fundações, provavelmente assentes em solos pouco estáveis (a água….sempre a água…), aqui e ali, alguns edifícios parecem subtrair-se ao rígido alinhamento, como cadete que desmaia nem qualquer alinhada parada de dia de juramento de bandeira. Alguns abrem frestas que se alargam para o alto na junta que os une ao vizinho, outros parecem querer tombar para a frente, para o canal…
Em todos, no entanto, algo há de constante: o mundo que por eles entra, coado na transparência das enormes janelas que tanto deixam olhar de um lado, como do outro, porque, amantes da luz, os que por aqui moram evitam as cortinas...
Amsterdam tastes of water. You’re never too far from it, so many are the canals that crisscross the town. Albeit, contrary to Venice, that quintessential yardstick for comparing all floating Atlantises, the city cohabitates in the geometric order of canals that socialize with each other in perfect and concentric parallelism. We stroll through calm streets, (in truth we walk on water, given that most of the times, the streets define the canals, often on both sides) almost deserted by the cold; by a winter that isn’t yet but that does seem to be.
The attention and care given to laying out of the canals can also be grasped in the characteristic facades of the also unmistakable buildings where, at times, edification dates take us back to the 17th century (if not to even older times…) . As a matter of fact, all buildings seems to respect a single height standard, with often perfectly aligned cornices, topped by the soft outline of the lofts.
But if height is the same, width is multiple, and often it does seem that all the architecture was meant to fill in, as opposed to occupy, space, judging from the elegantly narrow buildings, siding others that are thrice as wide.
Often they literally support the edifications on their side. Erected on foundations that are now old and probably encased in unstable soil (water.. always the water…. ), here and there some buildings seem to miss the rigid alignment, as if a fainting soldier in a pledge of allegiance parade. In some, slits widening skywards grace the joins that once tied them to their neighbors, while others seem to be on the edge of falling forward , into the canal…
And yet, on each and every one of them, something remains constant: the world that penetrates them, filtered by the huge windows that make it possible to look and see from both their sides for lovers of light that the ones dwelling here are, curtains have been mostly forsaken.
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