segunda-feira, 31 de março de 2014

Na minha mata, o mar entra terra dentro e muda de cor.

Várias vezes por ano.


Por vezes, perde-se verde nas copas altas dos pinheiros, outras languesce roxo nas delicadas pétalas do rosmaninho, outras ainda estende-se em tapete branco e  rosa nas rosáceas  dos sargaços e das roselhas .

Mas, por estes dias, dá-se à terra uno, em preia-mar de amarelo.


Cá de cima, do alto, da curva da estrada, até onde a vista alcança, depois de passar o segredo das dunas, recobra num último folego e explode em espuma de sol, que tudo cobre e tudo tapa.

Na minha mata, o mar conta destas histórias e tudo é seu. Até a luz, até o amarelo, até as acácias.




In my wood, the sea overruns the land and changes colour.

Several times a year.

Sometimes it vanishes in green through the high canopies of the pine trees, other times it subsides in purple, dormant in the delicate petals of the rosemary, while others still it spreads out in the white and pink carpet of the cistus.

These days, though, it gives itself to the earth in a high tide of yellow.

From up here, where I stand, on the high bend of the road and up to where the eyes can see, after overwhelming the secret of the dunes it conjures a last breath, only to explode in a foam of sun that covers everything in sight.

In my wood, the sea tells this kind of stories and it owns everything. Even the light, even the yellow, even the acacias.


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