terça-feira, 16 de julho de 2024

 GR11-E9 (Parte 7) - Oeiras - Guincho

28 de Janeiro de 2024


GR11-E9 (Parte 6) - Cacilhas - Oeiras

GR11-E9 (Parte 4) - Trafaria - Cacilhas

GR11-E9 (Parte 3) - Fonte da Telha - Praia do Meco

GR11-E9 (Parte 2) - Praia do Meco - Cabo Espichel

GR11-E9 (Parte 1) - Trafaria - Fonte da Telha


Mais uma manhã de domingo, começada bem cedo em casa, do lado esquerdo do Tejo.

Consulto os dados da primeira fotografia do dia, tirada já em Oeiras, ao pé da estação de comboio, para onde me dirigi de carro para gastar o menos tempo possível: 8h11.... devo ter saído de casa antes das 7h30.

Estava entusiasmado com este passeio, que há muito queria ter feito e que continuava o anterior que tinha terminado onde hoje iria começar. A oportunidade de o fazer tinha-a agora e, de pronto, agarrei-a, que é como quem diz, palmilhei-a.

Tal como na tirada precedente , o caminho é maioritariamente plano, sem acidentes de maior e sobre bons e fáceis pisos. Não obstante, bordeja continuamente a costa, largada que foi a foz do Tejo por alturas de Oeiras, alternando praias com recortes rochosos e a inerente  certeza de vistas a pedir dedo no botão do obturador, por isso estava inquieto por me lançar  no caminho, arrumado que ficou o carro perto da estação, onde fiz questão de começar o passeio, para assegurar  a continuidade integral do percurso.

Tempo fresco, de início, a pedir o conforto de um polar, que, rapidamente, voltei a guardar, aquecido pela passada que corria fácil e despreocupada.



Largada a zona urbana de Oeiras, atravessada colado a um pequeno parque urbano com algumas árvores que me motivam os primeiros cliques do dia, corando a direito em direção à costa, ergue-se diante de  mim o forte de S. Julião da Barra. Aquela hora não há por ali ninguém. Por detrás da muralha o sol começa agora a levantar-se sobre o rio e a dourar o dia acinzentado. 


Ao lado do forte, a pequena praia do Moínho,  deserta, não fora os saltos e correrias de algumas rolas do mar, que por ali andavam à cata de sustento.

 bar do apoio de praia da Praia do Moínho

Poucos metros à frente, o areal abre-se finalmente a estende-se por bem mais de um quilómetro: a Praia de Carcavelos. Também ela está quase vazia, tirando um ou outro surfista madrugador.


Paro um pouco em frente a um pequeno farol verde, na curva da estrada, ao pé do cruzeiro de Rana (que se vê ao fundo na fotografia) e por ali me deixo também ficar um pouco em despreocupada contemplação. O mar tem este efeito sobre mim... acho mesmo que sobre todas as pessoas... acalma, conforta, agasalha, mesmo quando o vento sopra e a chuva cai (o que, de resto não é o caso).... ao fundo, sobre as rochas, descortino um grupo de pessoas que se une no que me parece ser um momento de profunda intimidade... despedir-se-ão de um dos seus, talvez.. é o que me parece... ainda que bastante afastado, sinto-me ali a mais, sigo caminho.



De quando em vez a velha linha férrea que termina em cascais intromete-se no percurso, e é preciso ou cruzá-la, em passagem subterrânea, ou seguir a seu lado. também eu pareço um comboio...próxima paragem S. João do Estoril e algumas mansões que por ali se erguem, que não resisto a fotografar... pouca terra, pouca terra e já estou em Cascais. 


Entro por dentro da vila que atravesso pela zona pedonal abrilhantada pelas lojas de souvenirs, até encontrar um café onde me sento apenas o tempo necessário para saborear um pastel de nata e uma reconfortante bica. Subo a encosta por onde se estende a vila até à zona que mais me interessava alcançar: o largo da cidadela e o centro cultural. Queria aproveitar para visitar uma exposição de  fotografia que, por sorte, terminava naquele preciso dia: "DAYS OF PUNK" do fotógrafo americano Michael Grecco.

Cascais

Lou Reed por Michael Grecco

Não sou um cultor do punk, nem aprecio o género, mas as fotografias e a história transcendem os gostos pessoais porque se estabelecem como registo, prova, testemunho. Para mais, eram excelentes.

Tomo o caminho da borda de água, novamente e dirijo-me ao farol de Santa Marta, que se ergue no tão incomum quanto alegre tronco de secção quadrada,  riscada de azul e branco, a suportar a lanterna vermelha, que carrega lá no alto.

Museu Condes de Castro Guimarães

Farol de Santa Marta

A estas horas já não tenho o prazer da solidão por companhia.  Uns correm, outros andam de bicicleta, outos fazem o mesmo que eu, mães passeiam carrinhos de bebé, passam também alguns patinadores. Há espaço para todos, na ciclovia que flanqueia e estrada e no caminho que a ladeia, em direção à  Boca do Inferno. Alguém pintou as rochas por ali... e que bem que ficou...

Ao fundo tenho já o Farol da Guia, onde chego pouco depois. Impossível fotografar, ainda que tenha pedido para o fazer a alguém que acaba de arrumar o carro dentro do  pátio fronteiro ao farol e que vislumbro pelo portão que se encontra aberto. À resposta negativa soma-se o desconforto do tom em que a mesma foi proferida...

Mas há mais faróis na vida e o Cabo Raso, onde finalmente o caminho vira para norte passando a seguir a nossa costa ocidental também tem um. São cerca de quatro agradáveis quilómetros até a ele chegar, em que me entretenho a olhar o mar batido a vento e as gaivotas que parecem brincar com as ondas, voando como facas cortando a direito por dentro das suas cavas.


Paro um pouco antes de chegar ao farol. Uma rocha talhada a banco serve de pouso perfeito para descansar um pouco e comer as sandes que trouxe para almoço....um pescador mais ao fundo, e o convívio incessante com as gaivotas que continuam a divertir-se com as ondas que levantam vistosas cristas ao rebentarem contra a forte ventania que por aqui se sente.


Alcanço o farol do Cabo Raso um pouco mais à frente e faço alguma fotografias  Do outro lado da estrada a vegetação rasteira cresce num chão de areia que, mais à frente, se ergue nu, em forma de duna, cruzada pelos passadiços que a permitem cruzar sem a danificar. Toda esta zona está integrada no Parque Natural Sintra - Cascais e merece que um dia aqui volte, para a espiolhar com mais tempo e menos passada.


O grande areal do Guincho vê-se por fim, ao fundo da estrada. Em menos de nada, alcanço o parque de estacionamento da fortaleza que é hoje uma pousada e continuo em frente sem baixar à praia. Não senti qualquer necessidade de o fazer. O objetivo estava atingido. Tinha acabado o caminho.

Feliz com a constatação, dirigi-me à paragem de autocarro. Vinte minutos de pois estava a caminho de cascais de novo, onde apanhei o primeiro comboio para Oeiras... Lá ao fundo, depois da curva da falésia há de estar  o Cabo da Roca, o Ponto mais ocidental da Península.... a próxima tirada há de por ele passar...



sábado, 13 de julho de 2024

 GR11-E9 (Parte 6) - Cacilhas - Oeiras

26 de Novembro de 2023



GR11-E9 (Parte 4) - Trafaria - Cacilhas

GR11-E9 (Parte 3) - Fonte da Telha - Praia do Meco

GR11-E9 (Parte 2) - Praia do Meco - Cabo Espichel

GR11-E9 (Parte 1) - Trafaria - Fonte da Telha


O tempo passa e, quando não passa, falta. Talvez por isso não tivesse ainda olhado com calma para as fotografias deste meu passeio, em Novembro de 2023, numa manhã nevoenta e fresca e, como tal, absolutamente adequada a uns quilómetros de caminho, desta vez entre o Cais do Sodré e Oeiras, já que, de Cacilhas até ao início do caminho, segui sentado num dos velhos barcos cor de laranja da Transtejo, que asseguram a ligação.

Como é hábito, sai cedo e não poderia ter feito melhor escolha, porque a manhã de nevoeiro sobre o rio que me ofereci, presenteou-me, ela também, com oportunidades para algumas fotografias menos óbvias, o que muito me agradou.

Em termos de caminho, não há muito que contar, já que este é um daqueles passeio que se faz simplesmente colocando um pé á frente do outro até o fim, sem ter que vencer qualquer obstáculo ou subida ou mesmo piso menos cómodo. Nada; é tudo fácil e agradável e, por isso,  não há desculpa para não ir reparando ao longo do caminho nas múltiplas singularidades que aqui e ali se nos atravessam e pedem senão uma fotografia, pelo menos um olhar atento, para memória futura.

O rio e o nevoeiro: um clássico. Uma manhã de aguarela que contemplo de um barco quase vazio, que se lança já para a outra margem. O início de um vai-vem que se estenderá por muita horas ao longo do dia.


Indiferente, o farol de Cacilhas brilha por entre o nevoeiro, mesmo que apagado; mesmo que apenas decorativo.

Do outro lado do rio, desembarquei ao mesmo tempo que o sol...

... e iniciei a minha caminhada enquanto outros descansavam da sua.

Talvez aproveitando para conversa de circunstância sobre o tempo, o Cristo-Rei e a Ponte espreitavam  por cima do matinal banho de espuma



O barco em que vim, estava de volta outra vez.

Uma ilustre desconhecida olha-me de frente. Bom dia!


Cada vez mais é frequente encontrá-lo em muitos sítios.. porque o merece: Vihls - para lembrar que foi português o primeiro ocidental a pisar solo da Coreia.

Heróis da Pandemia... as polémicas estátuas de Rogério de Abreu

e uma Guitarra, de Domingos Oliveira, em homenagem ao fado e a Amália Rodrigues.

O anel de Joana Vasconcelos. Não me contenta tudo o que lhe sai do lápis, mas desta vez não vejo como não gostar.

O mesmo com o traço modernista da estação fluvial de Belém, 

e com o Padrão. Eu sei... eu sei.... mas sempre gostei dele, não é agora que o iria renegar.

Uma estranha ave, pousada num lago.

Duas epopeias que, na prática, são só uma, ou não fosse Belém local de partida por mar e ar.

Só mesmo de manhã cedo é possível o milagre de não ter ninguém à vista.

Os combatentes, os veteranos das guerras, mesmo quando as ganham, perdem-nas.

Que pimpão vai o Aquário, todo pintadinho de fresco,

com o seu bonito friso de bicharada a cumprimentar quem viaja de comboio...

Ainda há casas com graça, no meio dos prédios de muitos andares.

quase diria que a torre do Centro de Coordenação e Controlo de Tráfego Marítimo dá um certo ar de ficção científica à imagem, assim, inesperada, alta, isolada, inclinada.

O farol da Gibalta  e a sua luz vermelha que emparelha com o verde gritado pelo Bugio, ambos a marcar a entrada da barra.

Forte de S. Bruno

Com tamanho ar de poucos amigos, deve ser a guardiã do forte...

O bonito Chafariz de Paço de Arcos.

Já o disse, e corro o risco de  me repetir, mas há tantas vezes uma plasticidade na  decrepitude que verdadeiramente me fascina...

Tal como o Bugio, lá ao fundo, que fica tão bem visto deste lado, como do outro, de onde o costumo ver.

Nada mais que um muro... e no entanto.....

Se o Bugio ali não estivesse, não tinha piada a fotografia.

ver legenda anterior...

À chegada a Oeiras, deparei-me com esta cena na praia. Não sei se pelas cores, se pela composição, se por ambas,  mas há, definitivamente, um je ne sais quoi na foto, que me agrada.

Enquanto esperava na estação pelo comboio que me levaria de volta ao Cais do Sodré, não pude deixar de admirar o bonito logotipo da extinta Fundição de Oeiras.