sexta-feira, 17 de julho de 2015

Pensei-me, um dia, Europeu.

Hoje sei que sou apenas o mesmo que era há uns anos, por acaso de nascença, e que a Europa, essa, também não foi raptada por Zeus (antes pelo contrário) porque nenhum deus, ainda que assombrado pelo mais delirante entusiasmo, quereria raptar o que não passa de um infame e monótono livro razão (que até na contabilidade se pode achar ironia…).

Nas páginas pardas do deve e haver, a Alegria não é mais a filha do Elísio: Schäuble  em vez de Schiller, gritam os ufanos servos da gleba, no êxtase do enxovalho.

Pensei-me um dia Europeu.

Hoje sei que não sou grego, nem ateniense, tampouco cidadão de um mundo essencialmente livre, essencialmente próspero, essencialmente solidário.

Pensei-me um dia Europeu.

Hoje olho os jornais e vejo outros, que um dia se pensaram Europeus também

na rua

não por vontade, mas porque nada mais lhes resta

Pensei-me um dia Europeu.

Hoje sei-me apátrida de sonho

e apenas português de registo.