domingo, 3 de setembro de 2023

 


 Fora eu Henrique, por sete mares andado

fora eu casco, vela, cordame, ou mesmo vento

fora eu espuma a brotar do teu calado

fora eu peixe voador, assobio agoirento

fora tudo ou nada disso, ou outros tantos desvarios  

e teria mais para fazer que ficar a ver navios…


Como é bonita a nossa Sagres!









Frederyk Chopin - Polónia

Capitán Miranda - Uruguai


Cuauhtémoc - México



Dar Młodzieży - Polónia



Georg Stage - Dinamarca


Atyla - Espanha




PS. Se alguém me quiser ajudar com os nomes nos navios, agradeço....



sábado, 27 de maio de 2023


Da dúvida e da troca


Fosse a  honra ou a virtude

fosse estar bem de saúde

fosse um porvir lisonjeiro

fosse ter muito dinheiro

fosse perene alegria

fosse viver mais um dia

fosse um cargo no governo

fosse ser p'ra sempre eterno

fosse casa na Caparica

fosse ganhar o benfica

fosse certo que te amava

e outras coisa que não vejo

meu amor tudo trocava

por um beijo frente ao tejo...


terça-feira, 23 de maio de 2023

Um conto de praceta 

Corroios, num fim de tarde, com chuva.




As duas árvores olham-se, de amor tomadas.

Gratas pelo vazio que sobra nos bancos, agora que o céu deu em chorar, (talvez pura inveja das nuvens) e que os avôs, quotidianos companheiros do correr do nada,  tornaram a casa para se protegerem das grossas lágrimas, ousam o que calam no ardor do segredo.

"Amo-te", disse uma.

A outra, coquette armada, fingindo surpresa, responde tão  baixinho, que só quem soubesse ler a tremura pueril das folhas - e a companheira bem o sabia -  ouviria igualmente o delicado protesto: "Eu também!".

Envergonhado por me ter admitido em tamanho segredo, voyeur de fim de tarde, estugo o passo, não sem antes lançar olhar um último olhar aos improváveis amantes.

Atónito, descubro então a surpreendente verdade: as árvores quando  coram....ficam lilases! 

segunda-feira, 1 de maio de 2023

 Mês a mês, contado à vez.


I - Abril


Descansa agora bom abril, 

bem o mereces, por inteiro,

sussura um céu azul anil,

que faz do dia travesseiro


Lençol de trigo eivado a flores,

tela de artista, aguarela

de todas e mais outras  cores,

qual delas a mais pura e bela...


Descansa pois meu bom abril,

descansa que eu daqui não saio;

só nao trouxeste as águas mil...

será que as deixaste p'ra maio? 


segunda-feira, 24 de abril de 2023

GR11-E9 (Parte 5) - Cabo Espichel - Sesimbra




GR11-E9 (Parte 4) - Trafaria - Cacilhas

GR11-E9 (Parte 3) - Fonte da Telha - Praia do Meco

GR11-E9 (Parte 2) - Praia do Meco - Cabo Espichel

GR11-E9 (Parte 1) - Trafaria - Fonte da Telha


Quase um ano depois de ter percorrido mais um trecho deste percurso de grande rota (grande, para os outros, porque eu, como tenho perna curta, vou-o calcorreando aos bochechos 😀) tive, finalmente, tempo e disponibilidade para realizar uma ligação que, há muito, tinha em mente: do Cabo Espichel a Sesimbra, seguindo o contorno da costa, tanto quanto possível.

As primeiras investigações através do Google Earth levavam a crer que não haveria problema de maior no percurso, embora, a espaços, fosse possível identificar algumas linhas de água que seriam de ultrapassagem mais difícil, porque localizadas no fundo de vales com enconstas com pendentes acentuadas e, provavelmente, com solo pedregoso e coberto por vegetação.

Evitei, por isso, tanto quanto possível, seguir muito chegado à orla das falésias, tomando caminhos já existentes um pouco mais para o interior. Não obstante, no último troço antes de chegar à estrada de terra batida que leva ao porto de Sesimbra, optei por aventurar-me mesmo na descida até à Praia de Vale de Cavalos, subindo depois pelo trilho a partir do qual a ela se acede, para quem vem daquela vila piscatória.

Se alguém quiser tomar a minha experiência por guia, tenha cuidado com esta parte, a única verdadeiramente difícil do percurso: se bem que haja um trilho por entre a vegetação, a Sul da pedreira onde termina o caminho de terra batida que vêm da Azoia, este tem secções com grande inclinação, sobre cascalho e lama, que são de bastante difícil (pelo menos para mim) transposição.

Felizmente, existem no local umas cordas já amarradas à vegetação, que são um precioso auxílio para quem desce ou sobe a encosta, mas, como disse, é preciso algum cuidado, particularmente para o caminhante que opta por fazer o percurso desacompanhado... uma queda ali não será simpática, por certo...para mais, ao longo da ravina, a rede de telemóvel deixa de estar disponível....

Mas, voltando à casa de partida, que é como quem diz, ao toque do despertador:

Gosto de começar estes percursos o mais cedo possível, mas, desta vez, como tinha que me apoiar em transporte até ao ponto de início e sabia que seria difícil conseguir sair de casa por volta das 6h30, como gostaria, para iniciar o caminho por volta das 7h30, acabei por chegar ao local de partida uma hora depois, às 8h30. Não foi um atraso por aí além, e sempre deixei a responsável pelo meu apoio logístico dormir mais uma horita, embora saiba que ela bem merecia e gostaria de ter ficado mais algum tempo entre os braços de Morfeu.

Largado no parque de estacionamento do Santuário do Cabo Espichel, e coberto dos pés à cabeça com os habituais "tem cuidado, não faças palermices",  sob um sol franco, descoberto, mas com temperatura aprazível, empurrado pela brisa, lá comecei a caminhada, bem ritmado, que o caminho era de terra batida (a estrada que leva ao farol) e a vontade era grande.



Local de início

Em frente à curva que dá acesso à reta final para o farol, que optei por não ir cumprimentar, já que já lá tinha estado à porta várias vezes,  infleti para a esquerda, por sobre os campos arados, mas não cultivados, que correm paralelos à estrada principal. Por entre os maciços de vegetação que os pontuam, a Sul, seguem alguns caminhos com marcas de passagem de viaturas, e, por isso, é fácil encontrar terreno seco e compactado para prosseguir.


A partir daí, é seguir sempre em frente, cruzando dois estradões que atravessam o campo no sentido Norte-Sul, o segundo dos quais passa pelas ruínas de um empreendimento que terá há muitos anos sido embargado, mas cujas ruínas teimam em por ali vegetar, muito para o agrado dos coelhos, parece, porque vi dois, bem gordos, a passear em frente a uma delas.



Sempre plano e sem complicações de maior, mesmo quando atravessando as zonas sem compactação, uma vez que a seca que tem imperado impediu a formação de lama, o caminho é fácil e permite uma boa passada.

Seguindo a estrada de terra batida a partir do cruzamento com o terceiro estradão que cruzei, deparei, de repente, com marcações de grande rota que, pelo brilho da tinta, são bastante recentes. Pressuponho que  sejam correspondentes ao  GR11-E9, mas como se verá mais adiante, o caminho que segui, não é absolutamente coincidente com as marcações.

Não obstante, sentir que se segue num caminho devidamente marcado, é um conforto, particularmente para quem se aventura por caminhos desconhecidos, muito embora este, até este ponto, nada tenha de complicado, até porque a estrada, assinalada pelos postes de eletricidade ao fundo, para a esquerda, é sempre senão visível, pressentível.



Os primeiros três km concluídos e uma rápida paragem junto à antena do VORTAC do Espichel, que apoa o tráfego aéreo na aproximação a Lisboa, para um gole de água e o recomendável besunto dos braços e face com creme de fator 50, já que mesmo que a temperatura seja agradável, os ultravioletas não deixam de nos ir fritando em lume brando, sem que se dê por isso, até que seja demasiado tarde....


Seguindo a estrada de terra batida e as marcações, não há muito que fazer, senão deixarmo-nos embalar pelo ritmo da caminhada, marcado pela ponta metálica do bastão num claque-claque contínuo. 

Agora que muitas plantas estão em flor, aproveito para ir deitando um olho perscrutante à procura de alguma orquídea que me saia a caminho, mas tirando uma muito mirrada e meio seca Anacamptis pyramidalis, que nem sequer vale a paragem para uma fotografia nada encontro . 

Sempre a direito e com marcas aqui e ali, não há que engana. Logo, logo, passo a Azoia e chego à Aldeia Nova.

Aqui, o caminho marcado seguia em frente, mas eu, fiel ao plano que inicialmente traçara, optei por infletir para sul, na dirção da falésia, tomando um caminho de terra batidea que um pouco mais abaixo, curvaria para Nascente, continuando a seguir paralelo à estrada, onde até agora me encontrava, mas  mas já bastante  afastado desta e fora de qualquer núcleo habitacional.





Este caminho de terra batida é largo e não tem qualquer dificuldade de maior, sendo que apresenta algumas subidas e descidas, por naturalmente seguir a orografia bastante mais acidentada, à medida a que nos aproximamos das escarpas.  

É possível encontrar caminhos de acesso às praias desertas que se escondem no fundo das ravinas - Praia do Inferno e Praia da Mijona - mas optei por não descer a nenhuma delas, porque, segundo os preceitos da ciência, a seguir a uma descida, vem uma subida, e pelo que me era dado a apreciar, as pendentes era grandes e o caminho nem sempre escorreito e eu, como estava sozinho, queria arriscar o menos possível, não fosse alguma coisa não correr pelo melhor.





Uma última subida da estrada leva até ao seu fim, junto à orla de uma pedreira. Sabia, pelo estudo que antes tinha feito no Google Earth, que era aqui que teria que iniciar a descida que me conduziria à praia da Ribeira de cavalos e alguma  apreensão que tivera frente ao computador, foi logo e de pronto confirmada.... não iria ser fácil: a pendente era bastante exigente (c0omo se pode ver no perfil de elevação no início do texto) e  havia muita vegetação. 

Não obstante, sabia que havia um trilho algures escondido, que começava mesmo a meia dúzia de metros, embora tapado pela vegetação. Como para a frente é que se faz caminho, bebi um pouco de água, ajeitei a mochila e  segui em frente.





A princípio até que a coisa não é exigente: o trilho, se bem que estreito, é desimpedido de vegetação, e os primeiros metros são de solo compacto e pouco inclinado; gradualmente, no entanto,  o caminho vai-se complicando: o solo passa a ter muitas zonas de cascalho ou rocha descoberta e a pendente acentua-se, por vezes muito fortemente. Todo o cuidado aqui é pouco e o bastão é um auxiliar mais que precioso para frear a descida,que fui realizando, não sem me agarrar, várias vezes,  com a mão disponível, aos ramos de um dos arbustos, que vão sempre ladeando o trilho, para ter algum apoio suplementar ao do bastão.

Mais ou menos a meio da descida, chegam então os 20 ou 30 metros mais complicados, que, felizmente, beneficiam de cordas que alguém lá instalou e que são um verdadeiro salva-vidas, porque, sem elas, a descida (e a subida) seria não impossível, bastante complicada e até ariscada. 

A fotografia que aqui deixo, não ilustra bem o quão desafiante é este  pequeno trecho. A verdade é que para além da grande inclinação, o piso é cascalho e sem as cordas, para travar o corpo na descida, seria bastante difícil, para mais no meu caso, que sou rapaz de massa apreciável...

Devagar, e à força de braços, lá fui fazendo deslizar o corpo pela ravina, apoiado os pés o melhor que podia, mas sempre suportado nas cordas, até que pude respirar de alívio e pensar "O pior já passou!,"

Efetivamente assim foi, mas até chegar à praia ainda há mais uma ou duas passagens que requerem atenção, e cuidado redobrado.






A Praia de Ribeira de Cavalos, àquela hora já tinha alguns frequentadores, que teriam a ela acedido pelo caminho mais comum, saído de Sesimbra.

Corri a praia de um lado a outro, já que é efetivamente um local de alguma beleza, com formações rochosas interessantes.

No leixão que se ergue a dois terços da praia, um casal em fato de banho afadigava-se no seu topo a tirar fotos.. que o instagram não pode esperar.... 

Eu posso ser cuidadoso de mais, mas subir ali para cima, em calções e biquíni, de chinelos ou descalço, e ter depois de andar a quatro para chegar à ponta da rocha para brilhar no instagram para os amigos em pose de vedeta da sétima arte é um risco que não tomaria, afinal sempre é uma queda de  uns  7 ou 8 metros, pelo menos, para um tapete de areia compactada..... (digo eu que desci sozinho uma ravina onde ficaria bem escondido, caso a coisa tivesse corrido mal....)

E tempo de prosseguir  e, depois de uma última vista de olhos lançada à bonita praia, fiz-me ao trilho que conduz à estrada de terra batida que segue para o porto de Sesimbra.

A parte incial deste trilho é um pouco mais complicada, porque exige subida em pedra (que estava húmida e era escorregadia) e, tal como do lado oposto, tem uma pendente significativa. No entanto, pouco a pouco o piso vai melhorando e a pendente aliviando e, com uma ou duas paragens pelo caminho, para normalizar o ritmo do coração, lá cheguei finalmente ao topo da subida onde a descida em estrada para Sesimbra me aguardava e, com ela, novamente, as marcações de grande rota, que tinha abandonado na Aldeia Nova.




A partir daqui o percurso é todo em estrada, fácil e sem outra história que algumas paragens para as fotografias que aqui deixo, já da Vila, onde ainda aproveitei para visitar rapidamente a Fortaleza de Santiago, e para o retempero com uma sandes e uma banana enquanto aguardava o autocarro que me haveria de levar a Corroios, de onde segui, novamente a pé, até casa.








No total, excluindo os cerca de 4 km entre Corroios e casa, caminhei um pouco mais de 14 km, em cerca de 3 horas e meia, ou seja uma média de 4 km hora, o que não é mau, considerando que passei um bom pedaço na praia e na fortaleza, e ainda tive algumas paragens para descanso.

O GR11/E-9, segue de Sesimbra para Palmela... hmmmmmmm....





terça-feira, 21 de março de 2023

 Dia Internacional da Árvore

Dia Mundial da Poesia
Parabéns Joan Sebastian

(histórias de um dia que é só um,
embalado em óbvia redundância)



Um canto terno e doce

que te seja árvore infinita

e te resgate o céu por inteiro.

 

Que te o deem os pássaros,

eternos companheiros do vento,

arautos primeiros das estações.

 

lá, onde nem Ícaro ousou,

veste-te de asas, enche-te de sol;

serás então madrugada, verbo,

 

primeiro dia de Primavera!