sábado, 11 de janeiro de 2014

Cáceres, 4 de janeiro




Saio ao vento forte que empurra a manhã sobre a cidade ainda dormente. Por agora, a chuva ininterrupta que nos acompanhou desde que chegámos parece ter parado, quem sabe se para retemperar forças e cair ainda mais forte daqui a umas horas, que o céu, esse continua bem toldado.

Na rua erma, o casal de bronze, embalado pelo marulhar de folhas de palmeira e pelos primeiros chilros da passarada, teima em dançar. Para mim, que sou seu único espectador. Fazem-no para perpetuar a tradição da dança local, o Redoble, parece. Demoro-me apenas o tempo de uma fotografia e desço lesto em direção à Plaza Mayor. Quero apanhar a primeira luz sobre a pedra castanha de que se faz o centro histórico.

I go out in the strong wind the pushes morning over the still sleeping town. For now, the constant rain that has kept us company since our arrival seems to have stopped, if just to muster strength and  fall again in a couple of hours,  ever more strong, given that the sky still seems to be pretty laden.

In the empty street, the bronze couple, carried away by the murmur of the palm tree leaves and the first chirps of the birds, keeps on dancing. They do it for me, their sole spectator. They do it, so it is said, to perpetuate the tradition of a local dance, the ‘Redoble’. I stay only long enough to take a photograph and swiftly descend towards Plaza Mayor. I want to catch the first light on the brown stone of which the historical centre is built.



Cheira a pão aqui e, no café que ocupa uma das esquinas, a esplanada começa já a ser montada. Na outra ponta, um varredor esforça-se por limpar o que o vento espalhou, ao pé da enorme árvore de natal que já só há-de voltar a brilhar logo à noite, quando lhe acenderem de novo as fitas de cor vermelhas e verdes que lhe dão vida.

Só, especado no meio da grande praça, olho em torno de mim. Não com a pose garbosa, estudada, de um matador, que me não cabe, nem me encanta, mas sim com a vontade de ver que me aguça o olhar.

Aqui, no centro de Cáceres, numa fria e desagradável manhã de início de ano, não serei o único madrugador… talvez seja o único que o faz por puro prazer, no entanto.





I smell bread here and, in the café on one of the corners, the terrace is already being set up. On the  other end of the square, a sweeper tries hard  to clean what the wind has scattered about by the foot of the huge Christmas tree that will only shine again later at  night, when the red and green bands of light that make it come alive, are again turned on.

Alone, standing in the middle of the large square, I take a good look around.  Not in the proud and studied pose of a matador (which would not befit me, anyway) but expectant and eager to see.

Here, in the centre of Cáceres, in a cold and uncomfortable morning of a new year, I will not be the only early riser… but maybe I’ll be the only one to do it just for pure pleasure…








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