Notas de viagem roubadas a um diário que não escrevi,
em partes,
tantas quantas me promete a memória
Journey notes stolen from a log that I haven't kept,
in parts,
As many as my memory can promise
10 de agosto
Embalse de Lanuza. Este o destino que tomamos após um pequeno almoço com um dia claro e a prometer-se quente, a entrar pela janela escancarada da sala.
Nâo é longe e seguimos sem pressa, desta vez sem voltar atrás, antes deixando-nos ir estrada fora, em direção a Escarilla. As sombras ainda são compridas e é impossível não parar aqui e ali para pôr a máquina fotográfica a uso, tantas são as vistas que queremos guardar.
Escarilla |
O início do trilho que segue a margem poente da barragem
fica logo ao inicio da vila, bem perto de um grande largo onde estaciono.
Após uma pequena subida, o trilho inicia a descida até à
margem da grande lagoa e persegue-a até ao paredão a barragem, enquanto o
grande pano de água esmeralda serve de espelho às impressionantes paisagens que
se revelam para prazer e fruição dos caminhantes.
Peña Foratata e Embalse de Lanuza |
Poucos, aqueles com que nos cruzamos. Tudo é calma e sossego. Até a brisa, que não corre, para recato das árvores, fonte de apreciada sombra, que o sol vai quente e o ar húmido.
A meio do lago, do outro lado fica Lanuza, ou a parte que resta dela, a nova, recuperada, que esta é uma povoação quase ao estilo da nossa aldeia da Luz. Parte da povoação original estará debaixo do manto verde da água. Ao lado da povoação um grande anfiteatro desce para um palco à borda de água. Leio mais tarde que aqui se fazem festivais de música. E que bom que deve ser, um fim de tarde, com o sol a recolher por detrás das montanhas envolto em banda sonora.
Lanuza |
O trilho não podia estar mais cuidado: a espaços, bancos convidam à paragem, à contemplação, para aqueles que a isso são mais dados, porque para os outros há sempre as mesas para um piquenique entre amigos ou família.
Sem pressas, chegamos ao fim do trilho. Decidimos voltar para trás pelo mesmo caminho. Do outro lado da lagoa, o percurso faz-se pela estrada e, para além e mais longo, não me parece que tenha assim tanto interesse, sendo também totalmente exposto, sem vislumbre de sombra.
Um ou dois kayaks fendem agora a água e o ar com os gritos dos remadores que, em bem humorada disputa, se desafiam mutuamente.
Volto a fotografar a Peña Foratata, o grande pico que se
ergue ao fundo do lago, agora que o sol já vai mais alto e que o azul
polarizado do céu fica mais escuro e contrastado.
Já no parque de estacionamento tomamos o carro e percorrermos
rápidos a pequena vila de Sallent de Galego, de trânsito difícil, pelo apertado
das ruas acrescido de obras de manutenção nos pavimentos. Dirigimo-nos a
Lanuza. Queremos ver a vila.
Simpática, bem cuidada. Os edifícios, de corte antigo não
escondem, no entanto, a tenra idade,
como se pode ver gravado a escopro por cima de algumas portas.
Peña Foratata |
Não nos demoramos que ainda temos tempo para ir a Panticosa fazer outra caminhada, pequena, a do Mirador de Santa Maria.
A deslocação de carro é rápida e em pouco tempo começamos a
ascensão para o miradouro.
Estranhamente, o início do percurso, após uma
pequena subida inicial, faz-se por uma descida, com alguma pedra solta. À
medida quer vamos descendo, não podemos deixar de pensar que estamos a caminhar
na direção errada, mas pouco depois o carreiro empina, para nunca mais largar.
Está calor… húmido… e a coisa piora assim que saímos da
sombra para a inclemência de um sol que chispa na pedra e nas costas.
O último troço leva-nos por fim a subir até uma plataforma
com corrimão de madeira sobre o teto de uma das abandonadas casamatas que aqui,
na crista do monte, em tempos serviram de postos militares de observação.
A vista, desimpedida e larga, vale bem o esforço da subida.
Pena é que a hora seja péssima com o sol a pique a queimar um horizonte que, de
tão belo, não merece o deslavado e manso contraste que o forra, para quem olha
de cá de cima do morro.
O caminho de descida faz-se pelo mesmo trajeto, só que mais
rápido, claro.
Em Panticosa, compramos bebidas frescas e almoço, que
comemos depois no conforto e fresco do apartamento.
A tarde é de passeio. Temos tanto para ver e tão pouco tempo… seguimos direitos a Jaca, mas não há como ficar indiferente aos sinais das placas castanhas que nos indicam pontos de interesse...
Castelo de Larrés, leio e tomo a direita da rotunda. Poucos quilómetros depois, feitos em planura onde o cereal vivia agora na lembrança dourada dos caules cortados rente de ambos os lados da estrada, um pequeno povoado com duas torres que entendo depois serem o castelo e que albergam também um museu de desenho. Não pressinto vivalma e está tudo fechado... regressamos.
Jaca: à entrada, torna-se óbvio que esta é uma cidade de militares. Quarteis, vários, e as muralhas de uma cidadela que se impõe sobre um relvado que mantém à distância o bulício do trânsito. Só temos tempo para visitar por fora. Procuramos o posto de turismo e, munidos da planta, “ligamos os pontos” de interesse que, afinal, não são assim tantos nem muito distantes um dos outros.
A tarde é de passeio. Temos tanto para ver e tão pouco tempo… seguimos direitos a Jaca, mas não há como ficar indiferente aos sinais das placas castanhas que nos indicam pontos de interesse...
Castelo de Larrés, leio e tomo a direita da rotunda. Poucos quilómetros depois, feitos em planura onde o cereal vivia agora na lembrança dourada dos caules cortados rente de ambos os lados da estrada, um pequeno povoado com duas torres que entendo depois serem o castelo e que albergam também um museu de desenho. Não pressinto vivalma e está tudo fechado... regressamos.
Castelo de Larrés |
Jaca: à entrada, torna-se óbvio que esta é uma cidade de militares. Quarteis, vários, e as muralhas de uma cidadela que se impõe sobre um relvado que mantém à distância o bulício do trânsito. Só temos tempo para visitar por fora. Procuramos o posto de turismo e, munidos da planta, “ligamos os pontos” de interesse que, afinal, não são assim tantos nem muito distantes um dos outros.
Jaca - A cidadela |
Jaca |
Temos de regressar. Procuramos a estrada por onde viemos e, como tantas vezes, perdemo-nos. Insisto… volto atrás … e perco-me de novo…por fim lá consigo retomar o caminho, mas não sem que antes percorra alguns dos bairros mais periféricos da cidade que não contava, de todo, visitar….
A estrada corre por um largo vale de grandes campos cultivados,
acompanhando o que parece a “cicatriz” de uma zona de falha tectónica, lembrando
uma longa e direita espinha dorsal.
Viramos para Biescas e de novo o caminho que já conhecemos,
também correndo por um vale, embora muito mais estreito e acidentado.
Biescas |
Biescas parecia recomendar paragem. Não é hoje o melhor dia: há feira e carroceis, e barulho entrecortado com calor. Não nos demoramos mais que uma gelada cerveja.
Mas amanhã é já para outro lado, que as férias não duram
sempre….