Arqueologia dos homens e das máquinas, a que me é dada a ver aqui, no Lousal, perto de Grândola.
Meticulosamente resguardadas e mantidos, velhos e possantes engenhos geradores ocupam o edifício da central que, em tempos não muito distantes, produziu a energia e o ar comprimido que alimentaram as minas e o que lá se fez. A seu lado, descubro o centro clínico onde, fico a saber, para além das chapas de Raios X que tantas vezes ditaram más notícias para os corpos doridos e puídos dos homens que laboriosamente, a força de braços e dinamite, arrancavam a pirite à rocha, as suas mulheres e recém-nascidos filhos podiam beneficiar de cuidados modernos de maternidade.
Tudo envolto numa atmosfera acética, branca, que nos faz sentir dentro de um documentário histórico, afinal, o que na verdade se pretende com a preservação da memória das coisas e dos homens.
Cá fora, por
estar pressionado pelo tempo, ignoro a chamada de um outro espaço museológico - interativo e moderno, dizem-me - e tomo o caminho do que realmente me interessa:
Cores; de
terras múltiplas, como se alguém usasse o chão por paleta, para pintar uma
paisagem que se escreve a cheiro e indústria.
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