Olho o sapo. Não se afasta, pouco se mexe, parece indiferente ao clarão do flash, mas sei-o bem vivo porque o vi a saltar entre as pedras, mesmo agora que aqui cheguei.
Que eu me lembre, esta é a terceira vez que “eu vi um sapo”, embora nenhuma delas pautada por uma qualquer música infantil, como a frase que acabei de escrever logo evoca.
Este, no entanto, é o maior de todos que já vi, os outros mal ultrapassavam o tamanho de uma rã .
Bichos curiosos, estes. Olhos grandes, mas tristes, pregas na pele a lembrar criaturas obesas submetidas a severo e rápido regime de emagrecimento (não, não se trata de um texto autobiográfico…), vestidos no mais perfeito camuflado para passear desapercebidos por entre pedras e erva, na esperança de lançar a peganhosa língua na direção de um inseto menos avisado.
Na galeria das curiosidades, cruzei-me também um dia com uma rã. Não é invulgar, e basta passar pela vala por onde passo no meu passeio matinal de todos os dias, para lhes ouvir o eterno coaxar. Na verdade, creio ser difícil encontrar uma pessoa que nunca tenha visto uma rã e eu já vi milhares, seguramente… Mas esta era de todo rara, porque albina. Nunca percebi se fugida do aquário de alguém, mas a não ser assim, dificilmente encontro resposta para o facto de a ter encontrado na relva do meu jardim, que não fica perto de charco algum e estas criaturas precisam de humidade na pele.
Diversa, a natureza de quando em vez surpreende-nos com a generosidade de um encontro, com o enorme prazer da descoberta. E eu, sempre que posso, aproveito.
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