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segunda-feira, 26 de maio de 2025

  GR11-E9 (Parte 10) - Praia Grande - Cabo Carvoeiro

Etapa 1 - Praia Grande - Ericeira

20 de Maio de 2015


O prometido é devido!

Tinha-o dito, quando terminei a caminhada Guincho-Praia Grande: "Daqui continuarei para o Cabo Carvoeiro".

Duas horas depois de sair de casa, montado no meu fantástico corcel que dá pelo nome de "Navegante" e me leva por montes e vales de autocarro, comboio, metropolitano, teleférico ou até mesmo de bicicleta, se tal preciso for, descia do autocarro apanhado na Portela de Sintra, na exata paragem onde há meses o apanhara no regresso a casa, depois de mais uma boa caminhada.

Oito horas certas, diz o mostrador do meu telemóvel, quando dou o primeiro passo depois de assestar a mochila e armar os bastões. Tempo fresco, vento de cara (irá ser assim todos os dias) e uma enorme vontade de andar, apenas pelo prazer de o fazer, em comunhão com nada mais que o caminho, o tal que se faz caminhando, como escreveu o poeta.

Da Praia Grande à Praia das Maçãs é apenas o tempo suficiente para a aquecer os músculos das pernas e dos pés a quem muito vou pedir ao longo de quatro dias.

A progressão é fácil, alternando estrada com um trilho marcado sobre a falésia, sempre com casario à vista. Estou como habitualmente só, mas desta vez tenho banda sonora. E irá ser assim quase sempre ao longo de mais esta caminhada pela costa, parte do que espero venha um dia a ser um completo GR11-E9 na parte portuguesa, embora com óbvias adaptações pessoais, quanto mais não seja porque o percurso não está, infelizmente, todo definido e marcado ao longo da nossa costa ocidental.

Banda sonora, dizia eu... sim: o vento, constante, intenso, faz dos meus bastões flautas, embora limitadas sempre à mesma nota, ao passar pelos pequenos orifícios de ajuste em altura. Pareço um espanta-espíritos ambulante, enquanto caminho embalado pelo assobio.

Azenhas do Mar. Uma paragem para fotografar a fonte e a escola... Que bonita que é... assomo-me ao portão... vem alguém entregar uma criança, e aproveito para espreitar. Vejo que a entrada está coberta em azulejos e que um dos painéis está dedicado ao voo de Sacadura e Coutinho... ó pá, quero ver... Peço à vigilante que no cimo da escada recebe a criança que acabara de entrar. "Posso ir aí fotografar os Azulejos"; "Não desculpe, mas não é permitido fazer fotos, só de fora." 

"mas eu não quero fotografar nenhuma criança, só quero fotografar os azulejos, não quero entrar na escola..."

"não, a direção deu ordens para que seja estritamente proibido fotografar. Já viu se cada turista que por aqui passa quisesse fotografar, como seria?"

Tolhido pelo absurdo, resigno-me e não respondo. Não iria ser simpática a resposta e, estou certo, a moça não tem qualquer culpa, logo não mereceria ouvir os dois ou três artigos do meu extenso catálogo de interjeições que rumino enquanto retomo o caminho....

Um edifício por certo classificado, que não pode ser fotografado,  porquê? 

Lá estamos nós de novo prisioneiros da paranoia: hoje em dia, máquinas fotográficas não podem coabitar espaços onde existam crianças..., mesmo que escondidas, do lado de lá das paredes impenetráveis e opacas....

SE os turistas quisessem fotografar.... E porque não? qual o mal? Roubariam a alma aos azulejos, era?

Bardamerda! (Aqui a mocinha não ouve, e eu sempre limpo a consciência, que me ficou a roer de novo, só de lembrar o episódio...)

Sigo caminho. Até lá abaixo, à praia, e volto a subir pela escadaria... a subida faz-me esquecer os azulejos, e tenho de parar um pedacinho para reganhar o fôlego... sigo em frente, ágil, caminho com facilidade, com bom ritmo, sempre a direito.

Magoito. De novo uma descida ao areal, deserto à excepção de uma criança que jogava à bola com os pais, e nova subida para retomar o caminho por sobre a arriba, a lembrar em muito a minha ainda recente caminhada pela costa alentejana... agora está tudo em flor, o que acrescenta cor e alegria à paisagem por vezes verdadeiramente deslumbrante que atravesso.

Como me sinto bem nestas saídas de caminhante. Nada me distrai, não tenho que me resignar ao ritmo de ninguém, posso parar quando me apetece, observar em detalhe o que quiser... nada me preocupa (ou pelo menos evito, com bastante sucesso, pensar no que me possa preocupar), nada me aflige, nem mesmo a merda em que está o mundo lá fora e cá dentro... sigo alheio a tudo menos ao que me toma, de braços abertos: este azul, este verde, todas estas cores, estes cheiros; estes pássaros que chilreiam, estas flores que se abanam loucas na ventania; nada me apoquenta! Estou seguro que no fim da etapa terei o repouso cómodo que me retemperará... pudesse toda a gente dizer o mesmo!

Óbvia também a economia da palavra. Apenas as penso, não as digo. Converso comigo enquanto ando, mesmo que não dialogando, vou comigo conversando, quanto mais não seja para fugir à malfadada banda sonora que também me persegue e não, não é a dos bastões....

Desde que comecei a andar, a Pavane do Fauré não me sai da cabeça.... estou a estudá-la para o coro e agora ouço-a, já me farta.... "Nous serons bientôt leurs laquais...", mas que fazer... junto com os assobios dos bastões e o sopro do vento, tenho tudo menos silêncio....

Lá em baixo fica a Praia da Samarra. Preciso de descer de novo e o trilho não é dos mais fáceis. Além do mais, a vegetação está crescida, choveu muito este ano. Vou-me debater muitas vezes com este problema: encontrar o caminho no meio da vegetação que o cobre.

Devagar lá vou descendo, tentando garantir sempre o equilíbrio que a inclinação da encosta exige. Por fim sinto a areia sob os pés. Pedra ante pedra, atravesso o pequeno regato que corre para o mar aqui. Uma cobra de água desenrosca-se e foge à minha vista para onde já não a posso ver... que pena, gostava de a ter fotografado.

Procuro uma sombra, não tenho sorte, mas também não é crítico que o dia está fresco e não há sol a descoberto. Sento-me numa laje e alijo a mochila de onde retiro o almoço (as habituais sandes, iogurte e fruta).

Retemperado, retomo o caminho. Se a descida foi complicada, encontrar agora a subida é-o muito mais. Sigo pelas rochas até encontrar trilho. Não é nada fácil e exige bastante cuidado. Por fim lá chego ao cimo da falésia. 

De agora em diante, acabaram-se as facilidades da primeira parte da manhã. Seguirei sempre pela arriba, passando as praias da Vigia e do Barril, até chegar à descida para a Praia do Lizandro. 

Tinha algum medo que não conseguisse passar a vau aqui. Mas o que vi do cimo da falésia, tranquilizou-me. A maré estava vazia e o que restava do Lizandro na foz era suficientemente parco para poder ser atravessado sem ter que me despir mais do que da canela para baixo...

Uh, como me soube bem aquela água nos pés doridos... já faltava pouco. Na esplanada de um apoio de praia, fechado para obras de preparação para a nova época, limpei a areia dos pés o melhor que pude e voltei a calçá-los de meias e botas, para seguir o caminho de areia que me levaria lá acima, à estrada nacional por onde segui até entrar na Ericeira. 

Antes de me alojar ainda percorri a vila para comprar o meu habitual postal, que fui, de imediato, expedir na estação de correios, e procurar obter um carimbo no posto de turismo e junta de freguesia, a atestar a minha passagem por ali.

Os pés estavam doridos, o corpo cansado, o alojamento que reservara dar-me-ia de imediato a possibilidade de os tratar com um banho e uma soneca retemperadora.... Amanhã há mais!



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Aqui fiquei, daqui parti....



Praia Grande


O bonito e invulgar grená das Orobanches a irromper pela arriba... 
pena que a designação de espécie seja foetida...


Praia das Maçãs




A escola vedada a perigosos curiosos....



Azenhas do Mar




Praia do Magoito

a beleza simples de uma parede de arenito




Forte de Santa Maria















                                                                


Um colega caminhante (Blaps sp.) e uma viçosa Arméria (A. pseudoarméria?) 


Toujours le printemps...


Praia da samarra 


Á primeira vista, lá de baixo, parecia uma vigia, mas não. É apenas uma rocha, fortemente erodida.



Praia da S. Julião







Foz do Lizandro


A Deusa do Mar Azul que me recebeu na chegada à Ericeira

Ericeira - largo do pelourinho


A caminho da caminha....


terça-feira, 10 de setembro de 2024

 GR11-E9 (Parte 8) - Guincho - Cabo da Roca - Praia Grande

07 de Setembro de 2024






GR11-E9 (Parte 7) - Oeiras - Praia do Guincho

GR11-E9 (Parte 6) - Cacilhas - Oeiras

GR11-E9 (Parte 4) - Trafaria - Cacilhas


Um dia excelente para caminhar, pensei, quando saí do autocarro na exata paragem (apenas do outro lado da estrada), na Praia do Guincho, em que, há uns meses, tinha embarcado de volta a Cascais, após ter concluído a ligação com Oeiras.

Aqui tinha ficado; daqui parti de novo, não sem antes me ter deleitado a observar a forma como o manto quente da luz da manhã começava a dourar as dunas e a acrescentar contraste às nuvens que, em breve, se esboroariam no céu.

Olhei o relógio: 8h12. Tinha-me levantado antes das 5 para poder aqui estar àquela hora e só não conseguira chegar uns 20 minutos mais cedo porque o comboio se atrasou um pedacito, o que me fez perder o autocarro que contava apanhar em cascais e que me permitiria começar antes das 8, já que gosto mesmo de começar a andar cedo, para beneficiar da frescura das primeiras horas do dia.

Não era um atraso grande e, sem mais conversas, fiz-me ao caminho, procurando seguir parte de uma trilha gravada no Wikilok por alguém que fizera o trajeto de ida e volta entre o cabo e a praia. 

Lá de cima, da peninha,  a vista também devia ser bem bonita.

Tinha analisado com cuidado o trajeto gravado e decidi que não iria fazer a ligação pelo trilho mais ocidental, já que este seria seguramente muito mais difícil e até arriscado, considerado a orografia da área, cheia de muito pronunciadas subidas e descidas  e também porque, como habitualmente, o iria fazer sozinho.

Até chegar ao trilho gravado, que começava ao pé do Forte do Guincho, teria ainda que percorrer cerca de 1,7 km, por isso, sem mais delongas, pus-me a caminho.

Os carros eram a última coisa que queria ver encostados ao velho forte....

O Forte lá estava, já com alguns carros, provavelmente de pescadores,  a ele encostados o que me impediu uma fotografia mais engraçadita da construção. decidi que não lhe chegaria ao pé, porque não valia a pena e deixei-me ficar pelo abandonado restaurante na Praia do Abano, encostado ao qual parei um pouco para me proteger com o recomendável protetor solar, já que o dia, apesar de fresco, ia descoberto.

Na Praia do Abano. o vetusto restaurante tem, decididamente, um ar.... bem abanado.

Ninguém à vista.... como não gostar?

Tomado o rasto do caminho, foi seguir sempre em frente, que é o mesmo que dizer, sempre a subir, até passar ao lado da vila do Arneiro, onde o caminho depois inflete para noroeste, em direção a Figueira do Guincho.

A visão do santuário da Peninha iria acompanhar-me durante os primeiros quilómetros, calcados entre mato rasteiro e terra batida

Pouco a pouco, ao ritmo da passada, o Guincho ia ficando para trás.

Felizmente o vento que dobrou este velho pinheiro tirara o dia de descanso...

O piso, que nos primeiros três km desde o forte era de trilho aberto sobre o mato rasteiro, passou, no Arneiro, a estrada de terra batida, por vezes maltratada, mas sem qualquer dificuldade de utilização, a não ser pela constante subida.

... o que, a somar ao piso duro e limpo, tornava o caminho numa fácil e agradável proposta para as minhas velhas, mas confortáveis, botas.

Olhar para trás, ver o que já andámos, ajuda-nos a seguir em frente....

... ainda assim, há espaço e tempo para refletir sobre as coisas verdadeiramente importantes da vida: será o homem no topo do morro, recortado contra o céu, o personagem que ficou imortalizado na belíssima canção dos Beatles: day after day, alone on a hill....

Só a partir do momento em que passei pela extremidade sul da vila da Azoia, começou o caminho a descer, para me conduzir novamente até à zona mais perto da costa e ao constante sobe e desce dos montes e vales cobertos de mato que ali existem. 

É também um pouco depois de se passar pela Azoia que se tem a primeira visão do velho farol que anuncia o cabo da Roca. O caminho faz-se depois por uma estrada de terra batida que me levou pela crista de uma elevação até me ver obrigado a entrar no carrocel de sobe e desce, que teria que franquear para finalmente apanhar a estrada do Cabo, a escassos 200 m deste. 

A primeira imagem do farol do Cabo da Roca, à saída de uma curva no caminho, que, daqui para a frente, endureceu consideravelmente, não só pela orografia do terreno, como também pela qualidade do piso, muitas vezes em rocha ou cascalho solto, a pedir atenção redobrada, em particular nas difíceis e acentuadas descidas.

Menos de um km, mas sem dúvida uma das partes mais exigente do dia, com duas descidas bastante difíceis pelo piso de gravilha solta e pela pendente que apresentavam, muito pronunciada. Fora para não ter que passar muitas destas que tinha optado pela via mais interior e senti-me bem contente por o ter feito, porque não é coisa que gostasse de fazer sozinho, se é que o conseguiria, tantas e tão abruptas são as subidas e descidas mais junto às escarpas....

Por fim pus o pé e a mal tratada bota no asfalto da estrada do Cabo da Roca, já mesmo ao pé do edifício do farol.

Uma multidão por ali andava, particularmente dividida em grupos que um constante comboio de autocarros depositava e recolhia. Bandeiras Turcas e Japonesas e linguajar  inglês, Brasileiro e Alemão deram-me pistas para a origem dos visitantes.

Cá acima chegado passei uns bons minutos a observar o farol, que gostava de ter podido visitar, com calma  e co menos gente ao meu redor.

Procurei o posto de turismo para adquirir um postal. Uma funcionária que nem se dignou levantar os olhos quando me aproximei do balcão, parecendo ignorar-me por um bom pedaço de tempo lá se dignou a atender-me, depois de lhe ter dirigido um ou dois "por favor...".... rasou a má-criação, e não pareceu nada incomodada com o facto.... mesmo o género de pessoa talhada para a função que ali desempenhava....

Pouco faltaria para o meio-dia e procurei uma sombra para comer uma sandes e um sumo que comigo levara, mas infelizmente não vislumbrei lugar algum que me conviesse a não ser a face lateral do restaurante, que tinha alguma proteção do sol. Por ali fiquei, de pé, a comer.

Findo o repasto entrei para tomar um café e, depois, de dar mais uma pequena volta pela falésia do cabo, pus-me a andar dali para fora, porque havia gente e confusão a mais para mim que tão habituado estou ao recato da caminhada solitária.

Não me posso queixar. Sou também turista praticante na terra dos outros, mas há sítios em que a música que mais gosto de ouvir é a do vento ou do mar, no seu eterno marulhar...

A segunda tirada do dia levar-me-ia à Praia Grande, e deveria ser mais rápida por ser bastante mais curta. Não obstante levei quase mais três horas a completar o percurso, que se mostrou bastante exigente, novamente com subidas e descidas muito pronunciadas e em piso muito difícil, de pedra solta.

... como a que tocava deste lado... maravilhosa!

A juntar a isso, haverá que referir a dificuldade que tive, ao chegar à Praia da Adraga, em encontrar uma vez mais o trilho ascendente, que seguia novamente no Wikilok, tirando partido de um percurso anteriormente gravado por quem por ali anteriormente passara. Na verdade, a vegetação cresceu tanto naquela zona que me foi completamente impossível encontrar o início do trilho, pelo que procurei retomá-lo mais à frente, o que consegui, embora, em dado momento, tivesse que, literalmente, rastejar por baixo de sabinas e aroeiras.

Aqui tive também que me confrontar com um pedaço de caminho em areia solta, coisa que verdadeiramente detesto, mas que junto à costa é bastante usual :-(.

Mas voltemos atrás: o início do trilho até à falésia de onde se mira a bela Praia da Ursa é fácil e a direito, seguindo pela crista de uma elevação. Segue-se-lhe uma descida abrupta seguida de uma igualmente árdua subida,, preparação para uma das descidas mais complicadas de todo o trilho, que nos leva muito perto do areal, para voltar novamente a subir a vertente oposta de nova dobra do terreno. 

Chegar lá abaixo  não é fácil, tanto mais que haverá que voltar cá para cima depois....

A vista que nos premeia, atingido o topo da falésia, é, no entanto, recompensa suficiente para o esforço despendido: de um lado a praia com o farol do Cabo da Roca, ao fundo, plasmado contra o céu e, do outro, os rochedos que dão nome à praia, embora a ursa a mim mais me pareça uma galinha que o bicho peludo que dizem representar.


Para mim, o leixão que dá nome à praia lembra-me mais uma galinha do que uma ursa, mas seja que animal for, o que conta é a grande beleza do sítio.

Novamente tudo menos uma ursa: talvez um elefante com um palanquim em cima... 

Foram vários os vales como este ou ainda muito mais escavados que tive que atravessar ao longo do passeio..

... mas, por cada um que passava, chegado ao cimo da elevação que se lhe seguia, a vista era sempre surpreendente, embora o sol começasse já a estar muito alto e a roubar volume e contraste à paisagem.

O troço que se segue conduz-nos em boa pista e estrada de terra batida até interceptar a estrada que termina na Praia da Adraga.

E foi aqui, como escrevi já, que a coisa se complicou um pouco, porque o trilho original, que deveria começar em frente à entrada para o parque de estacionamento, do outro lado da estrada... nem vê-lo.

Depois de avanços e recuos múltiplos, decidi ir procurar caminho mais à frente e, diante de uma clareira que dá acesso a um conjunto de pinheiros, lá vislumbrei a trilha, a correr mais acima. Consegui atingi-la, ainda que para isso, como disse, tivesse que rastejar uns metros sob o coberto dos arbustos, para  até ela chegar.

A Praia da Adraga; o fim do caminho aproximava-se....

Cansativa, esta secção, também, devido à areia solta que, por ali, faz de piso. No entanto, rapidamente desaparece ao chegar ao topo da falésia e, a partir daí, não há mais dificuldades dignas de nota a suplantar até se chegar à escadaria que desce a encosta para o limite sul da Praia Grande.

Estejam onde estiverem, os marcos geodésicos ficam sempre bem na fotografia ...

Esta escadaria tem um sinal que avisa que a passagem está condicionada, por causa de instabilidade das arribas. Eu descia-a, no entanto, porque queria ver as pegadas de dinossauro, que só dela se conseguem vislumbrar na parede de pedra que lhe é fronteira.


As pegadas dos saurópodes que por aqui passaram há uns bons milhões de anos gravadas nas lajes que, à força de movimentos tectónicos, certamente, acabaram por forrar a encosta.

Descido o resto dos degraus, punha enfim os pés no areal da Praia Grande, final do caminho.

A escadaria e o areal do meu objetivo do dia... não podia terminar sem fazer uns quantos metros no piso que mais detesto... areia solta :-)

Com cerca de uma hora para queimar, deixe-me a descansar numa esplanada,  beberricando duas geladas cervejas sem álcool que me souberam imensamente bem, sequioso e encalorado que estava.

Nunca mais vou é sem levar o fato de banho.... e a verdade é que talvez não precisasse... já de volta a casa li  que a prática do naturismo é tolerada na Praia Grande... tivesse eu sabido antes...

Restava-me  apanhar o autocarro, o que fiz algum tempo depois, tomando novamente partido da muito recomendável facilidade que nos deu o passe para os transportes públicos da região da Grande Lisboa. Em Sintra, tomei o comboio para Lisboa com transferência, em Sete Rios,  para a estação do Pragal na margem sul, onde apanhei ainda o metro até Cacilhas, local onde tinha deixado o carro.

Foi nele que, por fim. me dirigi a casa, depois de um dia que me deixou cansado mas imensamente contente pela beleza das paisagens que me fora dado contemplar e por ter, uma vez mais, atingido o objetivo que me tinha proposto alcançar.

Não posso no entanto fechar o texto sem deixar a referência aos dois trajetos que utilizei parcialmente como guia de percurso para a minha caminhada, agradecendo aos seus autores a disponibilização no Wikilok:

Wikiloc | Trilha 03 A Costa dos Anéis ooo Cabo da Roca - Forte do Guincho (usado para o trajeto Praia do Guincho - Cabo da Roca)

Wikiloc | Trilha Cabo a Cabo (Roca-Carvoeiro)-dia 1 (usado para o trajeto Cabo da Roca - Praia Grande)

Um dia hei-de partir daqui em direção ao Cabo Carvoeiro.....depois, claro está, hei-de contar como foi....

O bonito postal que comprei e expedi do Posto de Turismo do Cabo da Roca