sexta-feira, 28 de junho de 2024

Rota Vicentina



Burgau - Sagres, 21 de maio 2024




Esta era a etapa que mais me tinha preocupado, por a saber a mais difícil do percurso e por lhe ter adicionado ainda um pedaço, por questões logísticas. Por essa razão estava um pouquito apreensivo quando saí do Burgal, pelas 7h00, para um dia soalheiro, mas fresco, após um pequeno almoço tomado na companhia do meu colega de quarto, que entretanto a mim se juntou.

Saí primeiro que ele, mas ao longo do dia encontrar-nos-íamos em várias ocasiões, umas vezes tomando-lhe eu a dianteira, outras ele. 

O caminho começava logo com um boa subida... prenúncio do que aí vinha. 

Esta terá sido senão a mais dura caminhada que eu já alguma vez fiz, seguramente uma das mais duras. Aliás, consultando os perfis de trajeto que figuram abaixo dos mapas de percurso, percebe-se bem porquê. A primeira parte, então, mais parece uma folha de resultado de um eletrocardiograma que o que verdadeiramente é, e a analogia não é descabida de todo, porque é mesmo coisa de por o coração a acelerar, tantos os picos e vales sucessivos que é preciso negociar, sempre com pendentes  de grande inclinação e, muitas vezes, em piso de pedra solta, o que, como não podia deixar de ser, me valeu uma escorregadela e um assinalável bate-cu, felizmente sem qualquer outra  consequência que um arranhão no ego.

Ainda assim, sabia bem andar cá fora, no trilho, longe de casas e estradas,  na companhia serena de gaivotas e cotovias. 

Alcançado o ponto mais alto da grande falésia cinzenta que bordeja a praia do Burgau, parei um pouco para olhar o cenário e normalizar a pulsação depois deste primeiro esforço... muitas vezes o faria ao longo dia, já que sendo duro o caminho, era também de enorme beleza com praias, enseadas, escarpas, formações rochosas a desfilarem ao ritmo lento das minhas passadas, um cenário agreste, imensamente belo, intocado na sua essência, puro, livre, como também eu me sentia.

Na praia, alguém saia nu da água, para o areal absolutamente vazio, numa afirmação de liberdade que também eu partilhava no alto da falésia, refrescado pela brisa que, com o avançar do dia, ia perdendo a vergonha.

Recomposto, segui em frente. Queria chegar depressa a Salema, pois era ali que oficialmente a etapa até Sagres começava. O caminho até ao Burgau não tinha sido muito complicado, esperava que até Salema não o fosse também. Não sabia era que tinha já pela frente duas ou três descidas e subidas daquelas que mordem nos músculos das pernas. Não as poderia evitar por isso resignei-me e lá as negociei o melhor que pude. 

Passada a praia das cabanas velhas, as ruínas de um forte deixavam-se ver sobre a falésia: o Forte de Almadena, construção datada de 1632, com o fim de "...  defender uma importante armação de pesca de atum, a Almadrava da Almádena, dos ataques de corsários e piratas do Norte de África.[4] Em 1861 já se encontrava ao abandonada",  leio na wikipedia.

Se 1861 se encontrava ao abandono, em 2024 ao abandono está. E é pena. Tinha estado neste forte há uns anos, não muitos, aquando de uma passagem pelo Algarve, e parecia-me que a área envolvente, pelo menos, estava mais bem cuidada, embora pudesse estar enganado. Agora era um imenso matagal, apenas.

Segui em frente sem parar mais que o tempo de duas ou três fotografias apressadas. Do forte baixa-se para a Praia da Boca do Rio, a última descida/subida antes de, pouco mais de um quilómetro à frente, se iniciar a descida para Salema, cujas primeiras casas, muitas engalanadas com o quadrado de vidro acrílico com as letras AL,  cruzei no início da descida para a praia.

Apesar de tanto alojamento local não consegui encontrar nada com preço razoável para ali ter ficado, pensei... será que a época ainda vai baixa e por isso não alugam?

Procurei o conforto de um café, que  ainda não tinha tomado nenhum e adocei-o com um pastel de nata ainda quentinho, enquanto aproveitava para dar descanso às costas e às pernas na esplanada de um café, porque, na verdade, o dia começava agora!

Uma subida longa em estrada levou-me até ao fim da vila, onde, já na cota da falésia retomei o caminho que sobre ela percorria e que iria desenvolver-se por alguns quilómetros de constantes e exigentes subidas e descidas para passar pequenas e escondidas praias a que só se chega de barco, ou de passagem, como era o caso agora comigo.

Ruínas ainda mais descompostas que as anteriores anunciavam o forte de de Vera Cruz, ou que dela restava, que era seguramente muito pouco, perto da Praia da Figueira, erigido por volta de 1640.

Mais subidas, mais descidas. Começava a perceber porque é que a etapa era classificada como difícil. Não que os ganhos de altitude fossem muito grandes; o problema era mesmo a pendente das encostas que havia que negociar, com inclinações verdadeiramente severas.  Passada a praia  Foia do Carro (segundo indicação do Wikilok), o percurso infletia para o interior, num troço percorrido em gravilha ou macadame, o que se por um lado permitia um andamento mais rápido e fácil, por outro afastava-me da crista da costa, onde por natureza o caminho deveria seguir. 

Guiava-me pelo percurso que tinha descarregado no sítio oficial, mas agora um X num poste contradizia o percurso que o telemóvel me mostrava. Como me parecia mais razoável, por ser mais perto da falésia, e como o percurso descarregado seguramente tinha sido feito por alguém, decidi confiar nele e, apesar do X, tomei o caminho proposto que me levou por uma descida até à estrada que conduzia à praia das furnas, onde novamente voltei a subir a acentuada encosta.

Estava a meio da etapa e começava a ansiar pelo trecho que sabia existir mais à frente, a correr num "planalto", durante um bom pedaço, já com Sagres à vista.

Para até lá chegar, no entanto, tinha ainda, pelo menos, mais quatro praias a atravessar. Não queria no entanto parar para descansar, porque as quebras de ritmo são difíceis de recuperar, para mais quando a frescura já não é grande, por isso lá continuei, entregue ao compasso da minha passada, apoiado nos meus inseparáveis e imprescindíveis bastões de caminhada, sem os quais tudo teria sido ainda mais difícil.

Por fim cheguei o troço por que tanto almejava. uns bons três quilómetros planos, com piso de terra dura, sem qualquer dificuldade e com vento pela frente, para refrescar o corpo e as ideias. Que bem que me souberam.... eram já quase 1 da tarde, o tempo começava a ameaçar chuvisco e cruzava-me agora com algumas pessoas que estavam a fazer o percurso no sentido contrário ao meu. Levava já cerca de 7 horas de caminho, e mesmo descontando a hora e meia extra que eu acrescentara à etapa,  para chegar a Salema, estes caminhantes precisariam ainda de 5 ou seis horas. Esta simples constatação serviu-me uma vez mais para reforçar a convicção que sair cedo é mesmo a melhor opção para quem caminha, quer para chegar ainda com luz, quer para ter tempo para descansar, quer ainda para acomodar qualquer imprevisto que possa acontecer.

Sagres, o fim da caminhada, era já bem visível no horizonte. Não lá chegaria, contudo, sem mais um par de praias e consequentes descidas e subidas, agora compostas com uns bons atravessamentos em areia solta, para tornar tudo ainda mais agradável.

Cheguei por fim à Praia do Martinhal, onde procurei o consolo do bar da praia para poder beber uma cervejita sem álcool fresca, à guisa de recompensa, uma vez que Sagres e o beliche do hostel estavam já ali ao fundo, a uns meros dois quilómetros.

20 minutos depois e aliviado de 3,5 Euros por uma mísera cerveja sem álcool, lá me meti de novo ao caminho tendo chegado ao hostel um pouco antes das 15h, hora de abertura do check in, embora tal não tivesse constituído qualquer problema e me tivessem deixado logo ir tratar do meu corpo bem  cansado com um reconfortante e refrescante  duche.

As habituais rotinas de preparação do dia seguinte e um pequeno passeio até aos correios e ao supermercado, ambos bastante perto, ocuparam-me o pouco tempo em que estive fora do hostel. Um companheiro de quarto, italiano, entretanto chegado, dizia-me que tinha feito nesse dia 40 km, mas eu avisei-o que dali para a frente talvez fosse mais difícil contar com esse tipo de performance, já que o caminho era bastante exigente.

Tinha percorrido cerca de 26,5 km e sentia-me muito contente com o que tinha alcançado. A etapa fora dura, mas tinha conseguido ultrapassá-la, dali para a frente, até Sines, mais nenhuma etapa estava classificada como difícil, por isso estava  convencido que, embora em duas levas, conseguiria adicionar esta lindíssima caminhada ao meu registo de andarilho! 




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Casa Page, diz o azulejo... Mr. Page tem bom gosto...

Se não estivesse cá em cima, também eu tomaria uma banhoca em pelota lá em baixo....

... enquanto o sol ainda ia baixo sobre a vila e a praia estava deserta.

Quase uma trincheira, mas um dos tramos a permitir bom e fácil andamento.

Praia da boca do rio

As ruínas do forte de Almadena...




... escondidas no matagal. 

Só quando vi esta construção me lembrei que já tinha estado nesta praia e no forte, há alguns anos.

Todo o caminho é feito na melhor das companhias...

... mesmo quando de deixa de ver o mar...

... como aqui, na entrada em Salema.

Uma pequena praia, logo a seguir a Salema


Lá ao longe Sagres, e o cabo S. Vicente... ainda tinha muito que andar....

... mas com vistas destas, sentia-me o "dono disto tudo".

Mais uma ruína, provavelmente de um forte.



Exposta e em solo difícil, no entanto teima em crescer e dar sombra!





Em meio metro quadrado pelo menos 5 espécies de flores.... todas belíssimas. Parabéns ao jardineiro!

Finalmente a planura... 

e a possibilidade de andar a direito por uns bons quilómetros...

... até chegar à vista dos ilhotes do Martinhal, onde o caminho volta ao habitual sobe e desce para passar a Praia dos Rebolinhos onde desagua a...

... Ribeira da Torre, e, por fim,...


... a praia do Martinhal, última paragem antes de entrar em...


... Sagres, fim do caminho!





quarta-feira, 26 de junho de 2024

  Rota Vicentina



Lagos - Burgau, 20 de maio 2024



Não conseguia ficar mais na cama, embora ainda fosse bastante cedo e a segunda-feira ainda se não sentisse em Lagos. Queria começar. Era para isso que tinha vindo e a vontade de sair para a rua sobrepunha-se a tudo, menos à necessidade de quebrar o jejum, para mais com a possibilidade de tomar ali mesmo em casa um café, ainda que instantâneo, acabado de fazer.

Em menos de nada estava já a guardar a chave do quarto no chaveiro ao lado da porta e a sair para as escadas que me levaram à rua por que ansiava.

Respirei fundo, assestei a mochila, que me assegurei estava bem regulada e, sem pompa nem circunstância, dei o passo mais importante: o primeiro.

Ninguém nas ruas que ontem estavam cheias de gente, quando por ali tinha passado. Na praça, frente à entrada do porto, um pequeno grupo de pessoas, com nítido ar de quem se encontrava ainda na noite de domingo (e por ali ainda iria ficar algum tempo), cantava e falava animadamente.

No telemóvel carreguei o trilho do dia no wikilok e lá segui, acompanhado por um sol que começava o caminho do dia, ele também.

Em pouco tempo deixei a parte urbana da cidade para começar a andar por sobre a falésia, frente ao oceano. 

Esta seria uma etapa fácil, com um bom pedaço a correr em passadiço de madeira, o que torna as coisas bastantes simples em termos de andamento, mas o sol estava forte e parei por momentos num dos miradouros nos passadiços para me proteger com uma aplicação de protetor solar nos braços, cara pescoço. Fá-lo-ia todos os dias logo no início da tirada e foi com grane contentamento que consegui chegar ao fim da viagem, já em Aljezur, sem outro problema de "escaldão" que a nuca um pouco mais tostada, mas sem que por isso sentisse qualquer desconforto.

Sentia-me imensamente bem. O prazer do caminho juntava-se ao prazer da paisagem, a rocha entrecortada por mar, o azul a morrer no ocre, a brisa que me refrescava a cara, tudo se conjugava para uma excelente jornada de passeio.

De quando em quando cruzava-me com algumas pessoas que, a pé ou de bicicleta, por ali passavam no seu exercício matinal mas mais ninguém seguia de mochila às costas como eu.

O trilho, em geral, faz-se de norte para sul, mas eu decidira fazê-lo ao contrário para me escapar ao incómodo de ter o sol pela frente, para mais refletido sobre a água, como seria certamente o caso...

Ponta da Piedade. primeira paragem a sério do dia para as inevitáveis fotografias, ou por ali não houvesse um farol.

Um pequeno passadiço de madeira corre  frente às traseiras do farol, para terminar numa plataforma miradouro. Alguém lá estava, banhado pela luz forte do sol que garantia ainda grandes e marcadas sombras. A oportunidade para uma boa fotografia, que não deixei escapar.



Contornado o cabo, o horizonte deixava ver a costa perfeitamente, sendo até possível ver o casario branco da Luz, lá ao fundo, local de término oficial da primeira (ou de início da última... )  etapa do trilho.

Como o trajeto era fácil e curto, eu, no entanto, não pretendia terminá-lo aí, mas sim o mais à frente que me fosse possível, encurtando assim um dia ao percurso.

A intenção original era terminar a etapa em Salema, já que assim deixaria intocada a etapa classificada como o mais difícil do percurso, que liga esta vila-praia a Sagres. Não obstante, só consegui encontrar alojamento minimamente acessível no Burgau. Por isso decidi que a minha etapa terminaria aí, o que teve como consequência acrescentar mais uma subida forte e 6 km à já longa e difícil etapa até Sagres. 

Estávamos em maio e, no entanto, tudo se encontrava ou esgotado ou com preços  que tornariam a semana de percurso mais cara que uma semana de férias descansada num lado qualquer. O Trilho dos Pescadores tem obtido muito boa publicidade, ao ponto da CNN e o NYT  o colocarem nas listas dos melhores percursos por esse mundo fora. E isto tem reflexos óbvios na procura e, consequentemente, nos preços do alojamento. Agora, quando escrevo, confesso que este problema me preocupa um pouco para a segunda parte do trilho na costa Alentejana,  mas a seu tempo logo se verá.

Um primeiro casal passou por mim no sentido contrário, já eu não me encontrava muito longe de iniciar a descida para a Luz, o que fiz após ter parado um pouco no marco geodésico da Atalaia,  a marcar o ponto mais elevado do trajeto do dia.

Esta foi uma das ocasiões em que fiquei muito contente por ter escolhido fazer o percurso no sentido inverso ao habitual. De facto, a descida que me levaria à Luz (engraçada formulação esta) é bem mais fácil de fazer  no sentido descendente, embora também exija, por vezes, algum cuidado para evitar escorregar nas pedras soltas.

Enquanto descia alegremente os cerca de 110 metros de desnível muito pronunciado, cruzei-me com vários caminhantes que o faziam no sentido ascendente e todos arfavam que nem fole de órgão de igreja, sendo visível nos respetivos semblantes o esforço que a ravina lhes convocava.

Chegado cá abaixo, um grande baldio mostrava-se ainda coberto por algumas flores, com muitas orquídeas já quase todas secas a despontar por entre os cardos e as ervas. "Que pena a época de floração das orquídeas estar já passada," pensei para mim mesmo.

A Luz, a igreja e a memória dos tempos em que a pacata vila não saía da televisão por causa da menina que ali desapareceu. Procurei um café e sentei-me a descansar enquanto saboreava uma boa chávena de café quente, que o dia ia fresco, a tal ponto que aproveitei para vestir o polar, porque, como estava com as costas molhadas de suor, sentia algum desconforto.

Seis quilómetros separavam-me ainda do Burgau e depois de ter também aproveitado para, frente à praia, ter comido a sandes que tinha preparado em casa, lá segui a subir, até reganhar a cota de topo da falésia. o mar de um lado e a terra avermelhada pontuada a verde do outro, uma brisa refrescante, um ar que me purificava a cada golfada que dele inalava... quem podia querer mais? 

Uma cotovia fez-me parar um pouco a observá-la, enquanto olhava para mim também. devia estar atarefada a fazer ninho porque me pareceu que carregava palhas no bico.

Um pouco mais à frente, as primeiras paredes de casa  e  nova descida. O Burgau. Tinha chegado ao destino. consultado o relógio, eram 13 horas. E agora, que fazer? o check-in por estes lados só abre às 16h, o que é manifestamente idiota, mas aconteceu-me por várias vezes...

Telefonei para o alojamento a perguntar se poderia ir lá deixar a mochila, para não ter que ficar carregado com ela desnecessariamente.  Confirmada esta possibilidade, dirigi-me ao local de pernoita para deixar a agora desnecessária carga, e regressei ao centro da vila, que é como quem diz, à praia, onde procurei uma esplanada onde gastar tempo.

Mas 3 horas de espera é uma coisa infinita para pacientes da impaciência e, depois de esgotado o líquido no segundo copo de cerveja sem álcool com que aproveitei para me refrescar, abandonei a esplanada onde famílias e turistas, todos barulhentos demais para os meus ouvidos massajados por horas de calmo murmúrio de mar entrecortado por um ocasional, mas distante grito de gaivota, se entretinham a desencaminhar hambúrgueres, batas fritas e saladas de atum, entre copos de gelada sangria.

Uma árvore com copa grande projetava sombra sobre o murete do parque de estacionamento sobre a praia... descalcei as botas e ali me deixei estar a espiar os meus pecados por mais de uma hora até que uma mensagem no telefone me alertou para o facto de que o quarto já estava disponível para o poder ocupar.

Subi a rua até ao minimercado onde aproveitei para comparar jantar e pequeno almoço para o dia seguinte e dirigi-me ao alojamento onde depois de me instalar, dei início à habitual rotina de lavagem do corpo; da roupa e da alma, com uma reconfortante soneca retemperadora.

Um senhor francês, que deveria ter a minha idade, seria a minha companhia de quarto, e após troca das habituais palavras de circunstância, lá se instalou também.

"Pas de problème si tu ronfles... je suis sourd", avisou-me. 

Sorri. Estávamos conversados! Por acaso, não creio que hoje em dia seja um problema. No passado sim, quando estava bem mais gordo. Agora não creio que ressone ou, se o fizer, não será de modo a causar grande problema de vizinhança. A experiência dos dias do caminho de Santiago levava-me a esta conclusão.

Não saí mais e passei o resto do dia a descansar  porque no dia seguinte queria sair cedo novamente.

 Estava um pouco apreensivo: era a etapa mais dura e, como já escrevi, tinha-lhe acrescentado mais uma subida e seis quilómetros...

O postal do dia, que comprei no Burgau, só o pude enviar no dia a seguir, porque não havia correio na localidade.


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Mesmo ao pé do local onde passei a noite, uma moldura de janela tão curiosa pedia mesmo fotografia.

Facto curioso do dia: nasci no ano do 5º centenário da morte do Infante, precisamente no mesmo dia que ele: 4 de março...

O sol era a única coisa que àquela hora entrava pelo porto adentro...

... sob a mirada protetora de S. Gonçalo.

Já eu preferia olhar em frente, para a beleza bruta e agreste da Ponta da Piedade.

Traseiras do Farol da Ponta da Piedade

Dobrada a Ponta era já possível ver a Luz, lá ao fundo...

... mas antes havia que passar pela Praia de Porto de Mós...

num caminho perfeitamente assinalado.

A Luz...

... cá do alto da Atalaia.


Um bonito cardo-bola (Echinops strigosus) no baldio antes da Luz

e a amiga cotovia...

... que me mostrou o caminho para o Burgau, cujas casas brancas assomavam por entre o ocre das falésias.