sábado, 8 de junho de 2024

 



III - Póvoa do Varzim - Esposende

11/Setembro/2023 



Uma etapa sem grande história e muito agradável enquanto correu paredes meias com o mar, que se abria para um dia que, mais uma vez, acordava com o brilho que lhe dava o reflexo da luz sobre a orvalhada da noite.

Começar cedo tem a vantagem de garantirmos lugar de primeira fila para o nascer do sol, sempre que o pano de cena das nuvens nos permite tal contemplação. Assim foi neste dia. Do deslumbre dos reflexos amarelos, laranja e róseos que anunciaram a chegada da manhã, ficou o brilho intenso de um sol franco de luz, que não tanto de calor, felizmente.

Sargaços... não sabia que ainda se recolhiam, mas os montes de algas já secas e embaladas,  protegidos com plástico, ou espalhadas na areia para secarem, emprestando ao ar um cheiro ressalgado, "maresiento", confirmavam que ainda era assim. 

Começar cedo tem também desvantagens. E a maior é não se encontrar nada aberto durante um bom pedaço de horas e, se bem que tivesse tomado um café no hostel antes da partida, não há como o sabor acre e quente de um café a meio da manhã para relançar a alma. Como não o encontrei, continuei caminho a dentro, resignando-me à sorte de poder continuar a  encher a vista com o revigorante esplendor  que subia pelo areal. 

Sem particular anúncio, o passadiço  infletiu subitamente para mais longe da costa, para dar espaço ao verde de um campo de golfe. Estranho.... um campo de golfe nas dunas... mal sabia eu que era mesmo a despedida do mar que o viçoso green anunciava.

A partir daí a paisagem tornou-se muito pouco atraente, com uma área agrícola primeiro e depois a passagem por dentro de um desses misto de eucalipto e pinheiro bravo em que o nosso país é tão fértil, anunciado como estando já dentro do Parque Natural do Litoral Norte.

Como se não bastasse o pouco interesse da paisagem, o caminho era agora feito sobre estrada de paralelepípedos, bastante desagradável para os pés, apesar do excelente amortecimento que as botas me proporcionavam.

A Apúlia dormia ainda quando por lá passei, tudo fechado.... só em Fão, bem mais à frente consegui então parar para o conforto de uma muito apetecida bica e alguns momentos de descanso na esplanada do café.

Retomado o caminho, atravessei o Cávado um pouco mais à frente. Estava já perto do final da etapa e, já em Esposende, ainda atrasei um pouco mais o passo, porque estava bastante adiantado em relação à hora a que abriria o hostel onde iria ficar. Ainda assim, dirigi-me para lá diretamente e, aligeirado já da mochila, fui tratar do corpo com umas sandes feitas na hora, com produtos frescos do supermercado.

Instalado e rotinas diárias cumpridas, ainda passeei um pouco pelas redondezas, tendo caminhado  até ao posto dos correios para enviar a carta do dia. Dispunha-me a voltar para o aconchego do beliche, porque o dia que aí vinha era longo, mas ver no horizonte um farol e não lhe chegar perto é coisa que ultrapassa a minha capacidade de resistência, por isso lá chinelei até à praia para  ver o pequeno fortim a cuja parede o ereto espique se encostava, tendo ainda aproveitado para, uma vez mais, pôr os pés de molho, terapia que eles muito agradeceram.

As notas e o desenho no meu livro de viagem ocuparam-me o que restou até ao jantar e, logo a seguir, recolhi-me então à horizontalidade soporífera do beliche.


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Sair para uma manhã destas é prémio para quem acorda cedo

As nuvens brancas que se erguiam ao fundo prenunciavam um dia sem chuva...

... bom para secar os sargaços...

... e as tábuas escorregadias dos passadiços.

Ainda bem que alguém se lembrou de pintar de amarelo a fachada do pequeno apoio de praia... que bem que fica contra o azul do céu.

Dos famosos moinhos da Apúlia, o único que vi foi este.


não foi, passarinho?

De um lado as estufas...

... do outro o green...


... o melhor mesmo era seguir as setas para sair dali depressa....

Não consigo descobrir que planta é esta, mas encontrei-a algumas vezes em vários locais


Um inusitado Santo António, com um ar algo desconfiado, guardava a entrada.

Creio que esta estrutura é também parte do Santuário do Bom Jesus de Fão,...

... o palacete que fica ao lado da igreja ameaça ruína e esta à venda.


Cabe-nos, pois, escolher e decidir se é proibido para um lado ou para o outro....

O Cávado, visto da ponte, em Fão.

Obrigado....

É inevitável... os bons artistas da margem, são um dia, sem que o queiram,  os artistas do regime.... foi o Almada... é o Vihls... e se são bons não há mal nisso...

Eu já disse que gostava dos edifícios do Instituto de Socorros a Náufragos..., de resto, como não gostar?



... é deles e de faróis.

o de Esposende ainda funciona, mas hoje deve ser automático, porque o edifícios dos faroleiros está desabitado.

Na falta de fato de banho, resignei-me a molhar os pés durante uns bons 10 minutos, na praia de ...



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